Africa oriental portuguesa Levy Maria Jordão Imprensa nacional, 1870 - 149 páginas N.°6 111.m° e ex.m° sr. — Tenho dado a v. ex." conta do estado em que este paiz estava e a sua direcção, agora offerece-se-me dar parte a v. ex." em como a tantos de abril chegou aqui uma fragata de Goa com tres companhias, uma de sipaes, outra de infanteria e outra de artilheria, com ordens para que, dando-se-lhe aqui mais uma companhia de cem homens, e uma ou duas embarcações para o seu transporte para a bania de Lourenço Marques; e como a occasião foi tão opposta a taes projectos, por não haver nem uma só embarcação de gavia, por terem ido para Quilimane buscar mantimentos, ficou frustrada a expedição d'esta capital, ainda que nós tinhamos noticia certa que lá não havia objecto de tanta força; foi com effeito só a fragata Santa Anna para o cabo das Correntes, e achando lá duas pallas imperiaes e uma corveta ingleza, as represaram e as trouxeram a este porto com o destino de as conduzirem para Goa, conforme as suas instrucções, menos a corveta ingleza que a deixaram livre para ir a Bombaim; tambem lá acharam uma corveta ingleza com bandeira portugueza, e passaporte do governador de Damão, que lá deixaram ficar em boa paz, com o pretexto de vir a este porto de Moçambique, mas até ao presente ainda cá não chegou............. Â ex. pessoa de v. ex. que Deus guarde muitos annos, Moçambique, 18 de agosto de 1781.= Vicente Caetano da Maia e Vasconcellos
MISMA FUENTE QUE EL COMENTARIO ANTERIOR: Em 1777 o tenente coronel inglez Guilherme Bolts, ao serviço austriaco de uma companhia asiatica de Trieste, tomou o commando de uma expedição, que, seguindo na nau Joseph e Thereza, se dirigiu á bahia de Lourenço Marques, onde, tendo-se demorado quatro mezes e deixado alguma gente e artilheria, seguiu para a India. Protestou logo o governador da India contra este attentado á soberania de Portugal, a cuja coroa pertencia a bahia de Lourenço Marques, e de todo o occorrido deu conta ao governo da metropole em officios de 28 e 30 de abril de 1778. Conhecedor do facto ordenou o governo, em officio de 15 de março de 1779, ao governador da India que immediatamente fizesse partir para Lourenço Marques uma expedição militar, e expulsar aquelles intrusos occupadores. Difficuldades, que é inutil expor, obstaram ao cumprimento immediato d'estas ordens, que só tiveram execução em 1781. Foi então que o governador da India, D. Frederico Guilherme deJSousa, fez embarcar, em 19 de janeiro de 1781, na fragata SanfAnna, do commando do capitão de mar e guerra Nicolau Delgado Figueira da Cunha d'Eça, uma expedição composta de duas companhias de infanteria, e de cipaes, e de um destacamento de artilheria com peças de campanha e munições de guerra, sob o commando do tenente coronel da legião dos voluntarios reaes Joaquim Vicente Godinho de Mira, com ordem expressa para atacar e destruir o estabelecimento austriaco'. 1 Até agosto de 1785 tinha a fazenda de Moçambique despendido nas expedições e construcção, ainda então não terminada, da fortaleza, 35:728$000 réis.—Secretaria do governo geral de Moçambique, liv. n." 37, fl. 155.
Africa oriental portuguesa Levy Maria Jordão
ResponderEliminarImprensa nacional, 1870 - 149 páginas
N.°6
111.m° e ex.m° sr. — Tenho dado a v. ex." conta do estado em que este paiz estava e a sua direcção, agora offerece-se-me dar parte a v. ex." em como a tantos de abril chegou aqui uma fragata de Goa com tres companhias, uma de sipaes, outra de infanteria e outra de artilheria, com ordens para que, dando-se-lhe aqui mais uma companhia de cem homens, e uma ou duas embarcações para o seu transporte para a bania de Lourenço Marques; e como a occasião foi tão opposta a taes projectos, por não haver nem uma só embarcação de gavia, por terem ido para Quilimane buscar mantimentos, ficou frustrada a expedição d'esta capital, ainda que nós tinhamos noticia certa que lá não havia objecto de tanta força; foi com effeito só a fragata Santa Anna para o cabo das Correntes, e achando lá duas pallas imperiaes e uma corveta ingleza, as represaram e as trouxeram a este porto com o destino de as conduzirem para Goa, conforme as suas instrucções, menos a corveta ingleza que a deixaram livre para ir a Bombaim; tambem lá acharam uma corveta ingleza com bandeira portugueza, e passaporte do governador de Damão, que lá deixaram ficar em boa paz, com o pretexto de vir a este porto de Moçambique, mas até ao presente ainda cá não chegou.............
 ex. pessoa de v. ex. que Deus guarde muitos annos, Moçambique, 18 de agosto de 1781.= Vicente Caetano da Maia e Vasconcellos
MISMA FUENTE QUE EL COMENTARIO ANTERIOR:
ResponderEliminarEm 1777 o tenente coronel inglez Guilherme Bolts, ao serviço austriaco de uma companhia asiatica de Trieste, tomou o commando de uma expedição, que, seguindo na nau Joseph e Thereza, se dirigiu á bahia de Lourenço Marques, onde, tendo-se demorado quatro mezes e deixado alguma gente e artilheria, seguiu para a India. Protestou logo o governador da India contra este attentado á soberania de Portugal, a cuja coroa pertencia a bahia de Lourenço Marques, e de todo o occorrido deu conta ao governo da metropole em officios de 28 e 30 de abril de 1778. Conhecedor do facto ordenou o governo, em officio de 15 de março de 1779, ao governador da India que immediatamente fizesse partir para Lourenço Marques uma expedição militar, e expulsar aquelles intrusos occupadores. Difficuldades, que é inutil expor, obstaram ao cumprimento immediato d'estas ordens, que só tiveram execução em 1781.
Foi então que o governador da India, D. Frederico Guilherme deJSousa, fez embarcar, em 19 de janeiro de 1781, na fragata SanfAnna, do commando do capitão de mar e guerra Nicolau Delgado Figueira da Cunha d'Eça, uma expedição composta de duas companhias de infanteria, e de cipaes, e de um destacamento de artilheria com peças de campanha e munições de guerra, sob o commando do tenente coronel da legião dos voluntarios reaes Joaquim Vicente Godinho de Mira, com ordem expressa para atacar e destruir o estabelecimento austriaco'.
1 Até agosto de 1785 tinha a fazenda de Moçambique despendido nas expedições e construcção, ainda então não terminada, da fortaleza, 35:728$000 réis.—Secretaria do governo geral de Moçambique, liv. n." 37, fl. 155.