domingo, 21 de febrero de 2010

Turmas , “gangues de pitboys”, Rio de Janerio

Universidade Federal do Rio de Janeiro , Instituto de Filosofia e Ciências Sociais
Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia
Briga e Castigo:
Sobre pitboys e “canais de fofoca” em um sistema acusatório .
Bruno de Vasconcelos Cardoso
Rio de Janeiro
2005
Essa ligação “esporte/luta-violência” há alguns anos já aparecia em um texto de Gilberto Velho
(Velho, 1999b; 21-22):
Também tem sido notado o aumento de violência entre jovens de camadas médias. Este fenômeno é, com freqüência, relacionado à questão das drogas. Elas seriam a motivação que levaria esses jovens a furtar, roubar, para poder adquiri-las. Por outro lado, registre-se a forte difusão nas duas últimas décadas das artes marciais. Alta proporção da juventude carioca, especialmente na Zona Sul, tem se dedicado a essas práticas, ingressando em academias e, em alguns casos, constituindo verdadeiros grupos de combate. Embora para muitos trate-se apenas de um esporte, até com finalidade de auto-controle, passa a ser mais um ingrediente adicionado ao repertório das turmas mais agressivas. Apesar de sua grande diversidade, da capoeira ao boxetailandês, ligada a distintos estilos, é inegável que a competição costumeira adquire novos contornos com a socialização em técnicas de auto-defesa e combate. As turmas rivais são tradicionais em Copacabana, pelo menos desde os anos 40, associadas à boemia, festas, futebol e paquera. Ganham, no entanto, elementos novos com a difusão das artes marciais. Estas, sobretudo o judô e o jiu-jitsu, eram praticadas em Copacabana por turmas de jovens desde os anos 50, já havendo rivalidade e eventuais conflitos. Mas o panorama atual das artes marciais na Zona Sul é de grande massificação com centenas de grupos, turmas de gangues, reunindo milhares de membros.
Seria interessante explicar um pouco melhor alguns fatores importantes (e recentes) para que se compreenda essa descontinuidade entre as turmas das décadas de 1940-1950, e as atuais “gangues de pitboys”, e, conseqüentemente, esclarecer um pouco mais essa acusação.
http://www.bdae.org.br/dspace/bitstream/123456789/2182/1/tese.pdf